segunda-feira, 23 de maio de 2011

Prevalência de cardiopatias congênitas em portadores da síndrome de Down na cidade de Pelotas (RS) (Fich. 5)

Vilas Boas LT, Albernaz EP, Costa RG. Prevalence of congenital heart defects in patients with Down syndrome in the municipality of Pelotas, Brazil. J Pediatr (Rio J). 2009;85(5):403-407.

        No presente artigo o objetivo foi o de Determinar a prevalência de cardiopatias congênitas em portadores da síndrome de Down na cidade de Pelotas (RS), descrevendo os tipos mais frequentes e avaliando os fatores associados. Nos últimos anos, a síndrome de Down tem recebido especial atenção, principalmente pelo fato de ser a anomalia cromossomial mais comum entre os neonatos. Sua incidência na população geral é de aproximadamente 1 em 600 até 1.000 nascimentos, mas ela pode variar conforme a idade materna. Em mães com idade superior a 45 anos3, a síndrome pode chegar a ocorrer em 1 em cada 30 nascimentos. Sabe-se que a prevalência de anomalias cardíacas congênitas em pacientes com síndrome de Down é de 40 a 50%7,8. Dos pacientes que apresentam cardiopatia congênita, metade manifesta defeito no septo atrioventricular (DSAV), que raramente ocorre como uma cardiopatia isolada (2,8%)7,9. Em um estudo de 10 anos de revisão de DSAV, foi observada alta mortalidade quando relacionado à síndrome de Down.
          Nos últimos anos, observou-se significativa melhora na expectativa de vida de pacientes com síndrome de Down que apresentam cardiopatia, seja pelo diagnóstico precoce, seja pelos tratamentos cirúrgicos efetivos. Sem dúvida, isso exige um melhor preparo clínico dos profissionais que cuidam dessas crianças e um adequado suporte do sistema de saúde10. No Brasil, observa-se escassez de dados relacionados às cardiopatias congênitas dos pacientes com síndrome de Down8,24, situação esta de alta prevalência, visto que vários pacientes consultam tardiamente, muitas vezes impossibilitando a realização de correção cirúrgica e, consequentemente, aumentando morbidade e mortalidade.Foram entrevistadas 47 mães/familiares de crianças portadoras de síndrome de Down nascidas e residentes em Pelotas. Dessas, 48,9% eram do sexo masculino e 87,2% da cor branca. Quanto à cor dos pais, 82,5% eram brancos. A distribuição da amostra conforme características socioeconômicas e demográficas. O diagnóstico de cardiopatia congênita maior esteve presente em 46,8% da amostra (22 pacientes), da seguinte forma: 36,3% dos pacientes apresentaram DSAV, 36,3% apresentaram CIA e 27,4% apresentaram outras cardiopatias (CIV e PCA). O DSAV ocorreu em oito pacientes (36,3%), sendo cinco com DSAV total e três com DSAV parcial. Sete pacientes não lembravam o resultado do exame e três não realizaram o ecocardiograma.Somente 2,1% dos pacientes tiveram diagnóstico pré-natal de síndrome de Down. Em 83% dos casos, o pediatra foi responsável por solicitar a avaliação cardiológica, e 14,9% haviam sido submetidos a correção cirúrgica até o momento da coleta dos dados.
Três pacientes que não haviam feito ecocardiograma foram encaminhados para sua realização; apenas um compareceu, apresentando resultado normal.
           Os resultados deste trabalho devem ser vistos com reserva, pois, apesar de a amostra estudada ter contemplado todos os pacientes com síndrome de Down nascidos em Pelotas no período proposto pelo estudo, seu tamanho foi pequeno. Entretanto, devido à quase inexistência de dados nacionais e à relevância do tema, a alta prevalência de cardiopatia encontrada na amostra, assim como os achados consistentes com outros estudos, mostram a importância de um acompanhamento e investigação minuciosos nos pacientes portadores de síndrome de Down.

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